sexta-feira, 31 de março de 2017

A Revolução Democrática de 31 de Março de 1964

A Revolução Democrática de 31 de Março de 1964
Gen Div (Res) Ulisses Lisboa Perazzo Lannes


INTRODUÇÃO
Episódio decisivo de nosso passado recente, a Revolução Democrática de 31 de Março há 43 anos recebe, do Clube Militar, singela e justa homenagem.
Em nossos dias, diante da avassaladora campanha há décadas conduzida pelos derrotados de 1964, “Comemorar a Revolução” adquire ainda maior significância, especialmente porque as gerações mais novas, expostas aos ventos da revolução cultural gramcista, foram ensinadas a ver, no 31 de Março, a data do  “golpe que implantou no país os anos de chumbo de sanguinária ditadura militar.”
“Comemorar a Revolução” representa, portanto, preciosa oportunidade para refutar falsificações, exageros e mentiras; e, sobretudo, para recordar, compreender, avaliar, exaltar e escutar os acontecimentos, os feitos e os ensinamentos daquela momentosa quadra da História pátria.

31 DE MARÇO: TEMPO DE RECORDAR E DE COMPREENDER
Antecedentes. Nos primeiros anos da década de 1960 o Brasil passou a viver período de crescente instabilidade política, militar e institucional. Após o governo Juscelino Kubitschek, as eleições presidenciais de 1960 haviam consagrado o nome do Sr. Jânio Quadros. Vestido, ao longo da campanha, com a capa da moralização das práticas políticas e do combate à corrupção, desde logo o novo presidente revelou seu temperamento instável e autoritário e passou a assumir atitudes que pouca dúvida deixavam quanto a suas reais intenções de investir-se de poderes discricionários. Cerca de seis meses após assumir o governo, simulou renunciar à presidência, alegando não poder enfrentar as “forças ocultas” que o impediam de cumprir os compromissos assumidos com o povo brasileiro. Sabedor das sérias objeções e restrições que se faziam ao vice-presidente — o João Goulart (o “Jango”) — contava Jânio que a simulada renúncia não seria aceita e que o clamor público o faria retornar ao Palácio do Planalto com plenos poderes, livre e desimpedido das amarras constitucionais.
O estratagema não funcionou! O Congresso aceitou a renúncia e preparou-se para empossar o vice-presidente, então em viagem pela China Comunista. Visto pela oposição e pelas Forças Armadas como herdeiro da política varguista e simpático ao comunismo, a posse de Goulart enfrentou sérias resistências, dividiu o Exército e colocou o país à beira da guerra civil. Diante do impasse, adotou-se o
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parlamentarismo, e Goulart, finalmente, assumiu a presidência em 7 Set 1961, como chefe de estado, mas não de governo.
De duração efêmera, o regime parlamentarista foi rejeitado pela esmagadora maioria da população, em plebiscito realizado em janeiro de 1963.
O caos programado. Investido dos plenos poderes presidenciais, João Goulart rapidamente passou a conduzir ações no sentido de implementar projeto golpista que desaguaria em um regime totalitário de esquerda. Insuflado e orientado por seu cunhado, Leonel Brizola, pregava a necessidade de “reformas de base” e a implantação de uma “república sindicalista”. Controlando o aparelho sindical, o governo promovia o grevismo, a anarquia e o caos, e o país passou a viver dias de intranqüilidade, estagnação econômica e inflação descontrolada. Enfrentar e debelar tão graves problemas, afirmavam Jango e seus aliados, impunha a necessidade urgente de “reformas de base”, “com ou sem o Congresso, na lei ou na marra!” A mensagem não poderia ser mais clara!
Os comunistas. Aliado ao esquema governista, porém com seus próprios objetivos, identificava-se ainda um projeto revolucionário marxista-leninista, conduzido pelo Partido Comunista Brasileiro e seu líder, Luiz Carlos Prestes. A manobra revolucionária buscava uma “frente única” e a concretização de uma “Revolução Democrática Burguesa”, ao aliar-se à insurreição “burguesa” de Goulart e Brizola. Ao adotar esse processo, o PCB revelava fiel e rígida observância às diretrizes de Moscou, que recomendavam o “assalto ao poder pela via pacífica”, em contraposição a linhas de ação mais açodadas e radicais (foquistas, trotskistas e maoístas), defensoras da luta armada.
As Forças Armadas. Curiosamente, ambas as correntes — a janguista-brizolista e a comunista — viam na adesão e participação das Forças Armadas e, em especial do Exército, condição imprescindível para a conquista de seus objetivos.
Para isso, fazia-se mister neutralizar, enfraquecer e solapar as lideranças contrárias aos seus desígnios e montar um “dispositivo militar” confiável, capaz de permitir e apoiar a ensandecida marcha no rumo do totalitarismo. Os chefes militares foram classificados em dois grandes grupos: havia os “generais do povo” e os “entreguistas”; as divisões internas foram fomentadas; e criou-se artificial e perigosa cisão entre oficiais e graduados. Os sagrados princípios da hierarquia e da disciplina passaram a sofrer permanente ataque.
Em janeiro de 1964, em viagem a Moscou, Prestes deixou claro o papel e a importância dos militares brasileiros no processo revolucionário vermelho:
... Oficiais nacionalistas e comunistas assegurarão, pela força, um governo nacionalista e antiimperialista... As reformas de base acelerarão a conquista dos objetivos revolucionários ... O grande trunfo será o dispositivo militar.

A Escalada e os Cenários Prováveis. Em março de 1964, a desordem e a intranqüilidade atingiram novos patamares. Sucediam-se as greves, e aumentavam as arruaças e ameaças de intervenção de
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grupos armados ligados a Brizola. A população sofria com o desabastecimento, os freqüentes e inopinados cortes de energia elétrica e a quase diária paralisação do transporte público.
Arregimentada pela grande imprensa, pela Igreja católica e por líderes políticos, a opinião pública começara a protestar e a participar, maciçamente, de manifestações contra aquele estado de coisas. Em tão conturbado ambiente, três eram os cenários mais prováveis para a evolução do quadro nacional: a implantação de um regime ditatorial de esquerda; o agravamento do anarquismo sindical; e a eclosão de uma guerra civil com conotações ideológicas. Claramente, a sucessão democrática normal, prevista para ocorrer no ano seguinte (1965) tornava-se a cada dia mais distante e implausível.
Confiantes nas “forças populares” e no apoio do “dispositivo militar”, Jango, Brizola e Prestes buscaram escalar a crise, na certeza de alcançar, em curto prazo, desfecho favorável a seus propósitos. Três episódios caracterizariam essa decisão: o comício realizado em frente ao prédio da Central do Brasil, em 13 de março, marcado pela agressividade e radicalização das posições; o motim de marinheiros e fuzileiros navais, em 25 de março; e o discurso pronunciado por João Goulart no Clube dos Subtenentes e Sargentos do Exército, em 30 de março.
O desfecho: um golpe? Dos três acontecimentos, os dois últimos influenciariam decisivamente a evolução dos acontecimentos, ainda que de maneira diametralmente oposta à imaginada por Goulart e seus companheiros de viagem. A incitação ao motim; o estímulo à quebra da hierarquia e da disciplina; a virulência de Jango; e a clara intenção de aprofundar a anarquia e a desordem despertaram nas forças vivas da nação a necessidade de pronta e enérgica reação, ainda que à custa da quebra da ordem constitucional. A destemida e intrépida decisão dos Generais Mourão e Guedes de iniciar, em Minas Gerais, com absoluta inferioridade de meios, o deslocamento em direção ao Rio de Janeiro e a Brasília, aglutinou e catalisou a resposta da sociedade brasileira aos desmandos e à subversão. A rapidez com que o movimento se fez vitorioso, sem encontrar a menor resistência de nenhum setor da sociedade, constitui a melhor prova do repúdio popular ao esquema golpista engendrado por Goulart e seus aliados.
A momentânea quebra da ordem institucional, respaldada e legitimada pelo Congresso e pelo imenso apoio popular, salvou a democracia, ameaçada pela intimidação do parlamento, pela pressão das massas sindicalizadas e pela anarquia das Forças Armadas. Desse modo, o 31 de Março de 1964 ... é, primordialmente, um fato político e não uma quartelada, como insinuam seus adversários e detratores...*
Não pode, pois, ser rotulado como golpe militar, como, aliás, atestou o jornalista Roberto Marinho, em editorial do jornal O Globo de 7 de outubro de 1984:
Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada... Sem o povo, não haveria revolução, mas apenas um “pronunciamento” ou “golpe” com o qual não estaríamos solidários.
                                                 * Gen José S. Fábrega Loureiro e Cel Pedro Schirmer, em “A Revolução de 1964” - Correio Brasiliense, 29 Mar 04.
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31 DE MARÇO: TEMPO DE AVALIAR
Uma ditadura? Desencadeada para impedir a implantação do totalitarismo de esquerda, a Revolução demoraria muito mais do que o inicialmente previsto e desejado por seus líderes para devolver o poder a um civil eleito democraticamente.
A causa principal do alongamento do regime reside, sem dúvida, na necessidade de enfrentar a subversão e a luta armada, intensificadas a partir de 1968 por organizações comuno-terroristas. Pela mesma razão, viu-se obrigado a lançar mão, em momentos extremos, de recursos amargos para impedir o país de mergulhar em prolongada guerrilha urbana e rural, deflagrada com o claro objetivo de implantar no país a “ditadura do proletariado”. Não obstante o necessário e eventual uso de medidas de força, a Revolução sempre teve como meta o restabelecimento pleno da democracia. Aliás, é bom lembrar que seu último presidente, o General Figueiredo, governou durante seis anos sem nenhum dos poderes discricionários outorgados por atos revolucionários.
Não parece justo, portanto, acoimar de ditatorial um regime que exigiu o rodízio de lideranças, não praticou o culto da personalidade, não adotou o modelo do partido único, manteve os instrumentos de legalidade formais e, por fim, auto-limitou-se. Mais uma vez, a palavra do jornalista Roberto Marinho ilustra e esclarece:
“Não há memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, um regime de força, consolidado há mais de vinte anos, que tenha utilizado seu próprio arbítrio para se auto-limitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, ensejando novos quadros partidários, em plena liberdade de imprensa. É esse, indubitavelmente, o maior feito da revolução de 1964.” (Julgamento da Revolução - O Globo - 7 de outubro de 1984)

Os êxitos. Ao restabelecer o clima de ordem e paz e o princípio da autoridade, o período revolucionário propiciou profundas, benéficas e duradouras transformações. Nunca antes, na história deste país (e nem depois), viveu-se tempo de tão acelerado progresso e concretas realizações. O quadro abaixo permite esclarecedora comparação:
Período 1964/84 1985/89 1990/94 1995/02 2003/07
Média/Ano 6,29 4,39 1,24 2,31 3,78
Taxa Média/Ano de Crescimento Econômico Real Expresso em % do PIB - Fonte: IBGE
Apresentando taxas de crescimento não mais atingidas, o Brasil passou do 49º para o 8º lugar, entre as economias do mundo. Dentre outros feitos, a infra-estrutura do país foi modernizada e ampliada; todas as capitais estaduais passaram a ser interligadas fisicamente, por estradas de muito boa qualidade; incorporou-se efetivamente a Amazônia ao patrimônio nacional; desenvolveram-se as indústrias naval e aeronáutica; criaram-se a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrária e a Empresa Brasileira de Telecomunicações; multiplicou-se por 9 a potência elétrica instalada, por 6 as reservas de
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petróleo e por 15 as receitas com exportações; e as fronteiras econômicas expandiram-se, com a adoção do Mar de 200 Milhas.
Iguais êxitos foram alcançados na área social, por intermédio de medidas como, por exemplo, a incorporação à Previdência Social de 20 milhões de trabalhadores rurais; a promulgação do Estatuto da Terra; a criação de órgãos e instrumentos de ação social como o FGTS e o PIS/PASEP; e a instituição do MOBRAL e do Projeto Rondon.
Diante de tão expressivas e incontestáveis realizações, não é exagero afirmar-se que a Revolução modernizou o Brasil e plantou as bases físicas que, ainda hoje, alicerçam a caminhada do país no rumo do pleno desenvolvimento, como sociedade livre e democrática.
Certamente, equívocos foram cometidos. O balanço, todavia, é inquestionavelmente positivo, e a análise isenta do período, “descompromissada com o emocionalismo próprio dos perdedores”, certamente revela resultados extremamente favoráveis, muito diferentes da “versão construída pelas esquerdas, com bases em referências ideológicas inconsistentes e ultrapassadas”.
31 DE MARÇO: TEMPO DE EXALTAR
Comemorar a Revolução Democrática de 31 de Março de 1964 é também exaltar!
Exaltar e homenagear as lideranças civis e militares que há quarenta e quatro anos demonstraram a visão, o arrojo e o destemor para arrostar os perigos da hora presente e arrastar a nação pelos caminhos que haveriam de possibilitar a preservação da democracia e a preservá-la do comunismo.
Exaltar e homenagear os chefes militares que exerceram a presidência da república com os olhos postos, somente, na grandeza e nos interesses da pátria. Que pautaram suas atitudes pelo comedimento e pelo decoro; que levaram uma vida austera, sem jactâncias ou demonstrações de arrogância; que não se entregaram a conchavos, buscando reeleger-se ou perpetuar-se no cargo; que não permitiram o culto a suas personalidades; que não vacilaram em adotar medidas duras e impopulares, em vez de ceder às práticas do assistencialismo e do populismo voltados para a manutenção de vantagens eleitorais; que selecionaram equipes administrativas com base no mérito, e não para atender interesses subalternos; que se portaram com altivez e independência, sem se preocupar em agradar grupelhos e corriolas ideológicas; que procuraram servir, e não servir-se do cargo para enriquecer ou enriquecer seus familiares; e que, ao término dos mandatos, saíram de cena com a serenidade própria de quem soube cumprir a missão.  
Exaltar e homenagear, principalmente, os incontáveis brasileiros, militares e civis, heróis anônimos que travaram e venceram o “Combate nas Trevas” contra a luta armada desencadeada em nossas cidades e no campo por ensandecidos brasileiros cooptados por facções do comunismo internacional. A expressiva frase cunhada pelo General Walter Pires de Carvalho e Albuquerque, antigo Ministro do Exército, hoje gravada nas paredes de várias de nossas organizações militares, sintetiza a exaltação e a homenagem devidas a esses compatriotas:
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“Estaremos sempre solidários com aqueles que, na hora de agressão e da adversidade, cumpriram o duro dever de se opor a agitadores e terroristas, de armas na mão, para que a Nação não fosse levada à anarquia”  
Sim, estaremos sempre solidários, enquanto proclamarmos, com a força e o vigor possíveis, a “Grande Mentira” contida na afirmação de que a luta armada originou-se da opressão exercida pelos governos revolucionários, sobretudo a partir da edição do Ato Institucional Nr 5. Pois, como revela o corajoso e franco depoimento de ex-integrante de um grupo guerrilheiro (sublinhados acrescentados),
Não compartilho a lenda de que no fim de 1960 e no início de 1970 nós (inclusive eu) fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentem como instrumento da resistência democrática.*
Estaremos sempre solidários, enquanto lembrarmos que o sacrifício supremo feito por tantos brasileiros tombados na defesa da democracia e da legalidade não recebe ou recebeu as vultosas e obscenas indenizações pagas com dinheiro público aos que roubaram, assaltaram, seqüestram e mataram.
Estaremos sempre solidários enquanto repudiarmos as tentativas de opor o “Exército de hoje, democrático e profissional”, ao “Exército de ontem, golpista e torturador”.
Estaremos sempre solidários, enquanto não permanecermos em acovardado silêncio diante da farsa de meliantes que, em vez de se envergonharem de seus crimes ganham redobrada ousadia e organizam-se para difamar e até levar às barras dos tribunais honrados militares que cumpriram o duro dever de combatê-los.
Estaremos sempre solidários, enquanto compreendermos que a democracia impõe a convivência harmoniosa e respeitável entre contrários, mas não exige a bajulação, a subserviência, as homenagens e as condecorações a antigos agitadores e terroristas que, de armas na mão, procuraram levar a Nação à anarquia e ao comunismo.
31 DE MARÇO: TEMPO DE ALERTAR
Comemorar o 31 de Março, finalmente, convida-nos a ouvir vozes de alerta!
Alerta, porque (para usar as palavras de respeitado Chefe militar) “No momento em que carece o país de exemplos de lealdade, de prática da verdade, de honestidade, de probidade e de seriedade; no momento em que ventos antidemocráticos sopram na América do Sul; no momento em que se
                                                 * Depoimento prestado por Daniel Aarão Reis, ex-militante do MR-8, atualmente Professor de História Contemporânea na Federal Fluminense, em entrevista a O Globo

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reescreve e distorce a História, com vil visão marxista”, é preciso relembrar e meditar sobre os ideais de 1964.
Alerta, porque, apesar de todas as demonstrações de tolerância, respeito à ordem democrática e perdão aos criminosos de ontem, as Forças Armadas continuam marginalizadas e tratadas com descaso e mal disfarçada hostilidade. Alijadas das esferas decisórias da República, em nome da concórdia tudo têm aceito, até o inaceitável, como o pagamento de régias recompensas a traidores e desertores que se levantaram para implantar, em nosso país, ditadura de modelo castrista, maoísta e soviética.
Alerta, porque, na revolução cultural gramcista, “Heróis não são mais os que morreram pela liberdade, mas os que mataram pela escravidão, e as homenagens não são mais para os homens da lei, mas para os homens sem lei”.
Alerta, porque enquanto o banditismo alimentado pelo tráfico de drogas aterroriza cidades, ceifa vidas e enluta milhares de famílias; o país integra foro de países que trata como aliada organização narco-guerrilheira de país vizinho, com claras e evidentes ramificações em nosso território.
Alerta, porque, tolerados e apoiados pelo Estado e pelo estrangeiro, grupos revolucionários atuam livremente em todo o país e com invulgar capacidade de mobilização, invadem terras produtivas, destroem propriedades, incendeiam instalações e depredam  preciosos laboratórios, na certeza de que estão acima e além da lei.
Alerta, porque a pretexto de defender etnias indígenas, organizações não-governamentais e entidades com sede no estrangeiro controlam, na prática, ponderáveis porções do território nacional; e, recentemente, conseguiram, até mesmo, proibir um oficial-general do Exército de acompanhar, em área sob sua jurisdição, visita de autoridade ministerial.
Alerta, porque a sociedade, anestesiada por décadas de intoxicante doutrinação, assiste, impassível, a omissão e a cumplicidade criarem, no país, clima de desapreço à verdade e à ética, de desrespeito à justiça, de desmoralização de instituições, de negociatas e escândalos.
Que “o Brasil de todos” (de todos os brasileiros de bem), o Brasil verde e amarelo azul e branco, o Brasil que soube dizer “Não!” à cor vermelha em 1964, ao ouvir essas vozes de alerta, possa responder como as sentinelas das velhas fortalezas portuguesas, que em suas rondas rompiam o silêncio da noite com o brado: “Alerta estou!”.
CONCLUSÃO
Como qualquer data histórica, comemorar a Revolução de 31 de Março de 1964 requer serena reflexão, para que possamos efetivamente entendê-la, avaliá-la, exaltá-la e dela retirar ensinamentos. Não se esgota, porém, nesses verbos, a tradicional comemoração promovida pelo Clube Militar.
Porque, ao comemorá-la e proclamar seus feitos e ideais, o que fazemos é buscar a fé e a inspiração para continuar a lutar pela preservação das liberdades democráticas da Nação e a trabalhar pela construção de uma Pátria justa... e pelo bem do Brasil!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A ABÓBODA DO TEMPLO

O objetivo deste estudo é o de iniciar a discussão sobre o significado da Abóbada Celeste na Maçonaria e, especificamente no Templo Maçônico. Creio ser mister, um esclarecimento sobre as diferenças existentes entre Templo e Loja Maçônica, não muito raro palavras tidas erroneamente como sinônimos. TEMPLO MAÇÔNICO: considerando o aspecto exotérico (com “x”) - É o edifício, a estrutura física, na qual se reúnem os maçons para avançar na senda até a perfeição. Já sob a ótica esotérica, (com “s”), podemos assinalar que o Templo Maçônico é o Corpo Humano, onde mora o SER, a Essência Infinita, O Espírito de Deus, É chamado de Templo porque não é outra coisa que o santuário que utiliza a Divindade, o homem é a chispa divina com os mesmos atributos Deste.
LOJA MAÇÔNICA: considerando o aspecto exotérico - É o conjunto de pessoas que integram a família maçônica. Tal como a igreja, que é simplesmente a congregação de seus fiéis, a Loja não é um lugar físico, senão que a associação ou somatório daquelas pessoas que realizam o trabalho maçônico, quer dizer, a intenção de continuar o caminho que empreenderam no momento da sua Iniciação Maçônica. Única maneira portanto, de alcançar a verdadeira iniciação, pois é inegável que a cerimônia dedicada a este propósito, está constituída somente por uma série de símbolos que se oferecem ao neófito, para que ele, com o trabalho tenaz e ininterrupto, alcance a Iniciação Real. Já sob a ótica esotérica - A Loja é a congregação do exército de virtudes que se unem e se dispõem a luta contra os instintos, os vícios e as paixões que a escravizam.
Não tenho, nem de longe, a pretensão de esgotar a matéria, primeiro por se tratar de um assunto bastante polêmico, segundo porque os meus parcos conhecimentos não me permitem chegar a tanto e, em terceiro lugar, porque para um maçom não existem verdades absolutas, o que significa dizer que nenhuma análise sobre o assunto será tida como definitiva, uma vez que um de nossos princípios é a infinita busca da verdade.
Espero, pois, que este pequeno ensaio, seja o início de uma discussão e, principalmente, de um estudo aprofundado sobre o tema abordado, tendo em vista a necessidade que temos de aprofundarmos o estudo sobre a simbologia que envolve o Templo Maçônico e a própria Maçonaria, uma vez que não se pode pretender ser um verdadeiro maçom, sem o estudo aprofundado dos símbolos sobre os quais se sustenta a doutrina de nossa Ordem.
Nosso templo, tem o teto de forma abobadada, simbolicamente, a representação da Abóboda Celeste, na cor azul celeste que se vê sobre o Oriente e este azul vai se matizando até chegar ao azul escuro já sob o Ocidente. O simbolismo dessa mudança de cor significa que as ciências, as letras, as artes, as civilizações, enfim tiveram sua origem no Oriente e de lá caminham para o Ocidente. A luz apresenta-se em toda sua pujança no Oriente enquanto que, no Ocidente, as trevas são espaçadas lentamente pela luz que caminha do Leste para Oeste. E, repleto de nuvens, astros e estrelas, onde circulam o Sol e a Lua, representando claramente o firmamento celeste, onde todos se conservam em equilíbrio, atraídos que são, uns pelos outros, em uma mistura de hemisférios que nos remonta a unidade da Ordem.
No Oriente, um pouco à frente do Trono do Venerável Mestre, vislumbra-se o Sol: que simboliza a vida, marca o signo do nascimento. Símbolo de autoridade, de poder, de orgulho e de desenvolvimento. Que, segundo o Ritual do Aprendiz (GORGS, 2013) “o Sol nasce no Oriente para principiar a carreira e romper o dia, assim o Venerável Mestre ali tem assento para abrir e fechar a Loja, dirigi-la em seus trabalhos e esclarecer os Obreiros com as luzes de sua sabedoria”. Sendo sua trajetória do Oriente para o Ocidente, simboliza a iluminação que resulta do desenvolvimento pessoal do Obreiro. Logo acima do altar do 1º Vigilante, a Lua: que, quando relacionados, o Sol é o emblema do meio-dia enquanto que a Lua é o emblema da meia-noite, ou seja, o início e o término dos trabalhos de todo maçom. Conforme Ismail (2011):
Esse simbolismo é creditado a Zoroastro, conforme muitos Rituais denunciam, Zoroastro foi um importante profeta persa, considerado como um dos principais mestres dos Antigos Mistérios, chamado por muitos de “pai do dualismo” e tido como precursor de muitos pensamentos comuns entre as três vertentes religiosas de Abraão: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. A tradição diz que os trabalhos nos templos de Zoroastro ocorriam do meio-dia à meia-noite, e que sua filosofia tinha por base a cosmologia. O antagonismo do dia e da noite, da claridade e da escuridão, era visto na natureza e no bem e o mal, presentes em cada ser humano. (ISMAIL, 2011)

E, o símbolo é uma Lua quarto-crescente porque, a astronomia ensina que a Lua quarto-crescente nasce ao meio-dia e se põe exatamente à meia-noite. Assim, quando o Sol está em seu zênite, ao meio-dia em ponto, é quando a Lua quarto-crescente nasce, a qual se põe à meia-noite em ponto. A lua quarto-crescente, tão importante para os Persas seguidores de Zoroastro, atravessou os milênios, tornando-se emblema da cultura árabe. Acima do Altar do 2º Vigilante, uma Estrela de cinco pontas: a Estrela de Cinco Pontas, também denominada Estrela Pentagonal ou Pentagrama é primordialmente um dos símbolos da magia, que sempre aparece em diversos ritos. Ela foi difundida por Escolas Pitagóricas, (Pitágoras também se dedicava à magia, alquimia e à alquimia cabalística), e recebeu do teólogo, médico e cabalista Cornélio Agrippa (dedicado à magia), o nome de Estrela Flamejante ou Estrela Flamígera, no início do século XVI, aqui representada pelo planeta Vênus que, devido a sua proximidade com o astro Rei e seu tamanho, consequente mais brilhante é também chamado de estrela. A estrela terceira mais brilhante no céu depois do Sol e da Lua. Mas não é uma estrela, é um planeta. Uma vez que é um planeta interior (sua órbita está mais perto do Sol do que a Terra) é apenas visível pouco antes do nascer do sol ou logo após o pôr do sol, dependendo da posição que você tem em sua órbita.
No centro do teto é fácil observarmos a existência de três Estrelas da Constelação de Órion, e entre mesmas estrelas, figuram as Plêiades, a Híades e Aldebarãs que se situam a Nordeste do Templo. Já entre Órion e o Nordeste do Templo, brilham Régulos da Constelação de Leão.
No Norte observamos a Ursa Maior; a Nordeste, apresenta-se Arturus com a sua cor avermelhada; e Leste a Spica da constelação de Virgem; a Oeste Antares e finalmente Fomalhaut que se situa no Sul.
Todas essas estrelas são de Primeira Grandeza, que refulgem simbolicamente no teto do Templo, e as primeiras são: Três (3) da constelação de Órion; cinco (5) da constelação das Híades, e sete (7) das constelações das Plêiadese e Ursa Maior. Já Aldebarã, Arturus, Régulus, Antares e Fomalhaut são denominadas Estrelas Reais. Interessante salientar que os planetas também se apresentam no teto do Templo, e figuram no Oriente Júpiter, no Ocidente Vênus, junto ao Sol fica Mercúrio, enquanto que Saturno e seus satélites ficam próximo a Órion.
Os autores sempre exercem influência predominante no espírito do homem. A Astrologia é uma das ciências mais antigas do Mundo e através dela os magos procuram, sempre entrever os destinos da humanidade. Astros e planetas benéficos e maléficos atuam, segundo os astrólogos, sobre a vida dos homens e sobre os acontecimentos terrestres. As conjunções planetárias sempre constituíram objeto de estudo acurador, e suas influências, dizem os astrólogos, atuam não só na visa particular do homem, como dos destinos da Pátria e de todo o Mundo.
A Maçonaria, datando dos tempos imemoráveis e sendo, como o é, um repositório do mais autêntico simbolismo, não poderia fugir a influência da Astrologia e assim se explica a íntima ligação da Maçonaria e da Astrologia no aparecimento da figuração dos principais astros e dos planetas no teto do Templo que é, simbolicamente, a representação da Abóbada Celeste.
O azul celeste é a cor que se vê sobre o Oriente e este azul vai se matizando até chegar ao azul escuro já sob o Ocidente. O simbolismo dessa mudança de cor significa que as ciências, as letras, as artes, as civilizações, enfim tiveram sua origem no Oriente e de lá caminham para o Ocidente. A luz apresenta-se em toda sua pujança no Oriente enquanto que, no Ocidente, as trevas são espaçadas lentamente pela luz que caminha do Leste para Oeste.
Alguns hermetistas procuram no simbolismo da cambiante cor azul no teto dos Templos Maçônicos a representação da Aura Humana, que envolve os corpos de todos os habitantes da Terra e que reflete os pensamentos bons ou maus das pessoas, assim formando uma Aura mais clara ou mais escura que é representada pela mudança do azul no teto dos Templos.
A abóbada celeste simboliza as causas primeiras e a harmonia, eternamente ativa, de que compõe o Universo. Já a abóbada do Templo é assim azulada e estrelada porque, como a Abóbada Celeste, cobre todos os homens sem distinção de classe ou cor. A abóbada constelada dos Templos é o símbolo da Universalidade da Maçonaria e de sua transcendência, porque o céu estrelado é sempre um convite à meditação favorecida pela quietude e pelo profundo silêncio que conduzem à paz e à tranquilidade do espírito.

Muitas hipóteses já foram levantadas sobre o que a Abóbada Celeste realmente simboliza na Maçonaria. Uns dizem que se trata de um método de orientação de navegação. Outros que simplesmente retrata a simbologia dos cargos que lhe estão imediatamente abaixo. Astrologicamente, pode ser uma Carta Astral de uma data especial.
Entretanto de tudo aquilo que expomos podemos chegar a algumas conclusões, do ponto de vista simbólico, diferentes das hipóteses acima. Talvez esteja tentando inovar, mas acho que a conclusão que apresentamos a seguir pode ser o início de uma investigação do real significado da Abóbada Celeste.
Vejamos: Em uma Loja Justa, Perfeita e Regular, três a governam, cinco a compõem e sete a completam. As estrelas principais que refulgem simbolicamente no teto do Templo, são três da Constelação de Órion; cinco da Constelação dos Híades e sete das constelações das Plêiades e da Ursa Maior.
Assim, em uma Loja Justa, Perfeita e Regular, os três que a governam, o Venerável Mestre o Irmão 1º Vigilante e o Irmão 2º Vigilante, são representados pela Constelação de Órion.
Os cinco Mestres Maçons que a compõem, os Irmãos Orador, Secretário, Tesoureiro, Chanceler e Mestre de Cerimônias, são representados pelas cinco estrelas da Constelação das Híades; e os sete Mestres Maçons que a completam, os Irmãos Hospitaleiro, 1º Diácono, 2º Diácono, Porta Espada, Porta Estandarte, 1º Experto e 2º Experto, são representados pelas sete estrelas das Constelações das Plêiades e da Ursa Maior. Portanto teríamos representados na Abóbada, todos os cargos de administração da Loja.
Concluímos, ainda, que além da significação simbólica acima, em nossa abóbada escondem-se vários dos princípios morais, das leis naturais e dos grandes contrastes e transformações que regem o transcurso da vida cósmica e humana, havendo em seu contexto um pensamento orientado, voltado para a tradição esotérica e para o transcendental que contribui decisivamente para a formação da aura humana e da energia que se estabelece nos momentos de concentração de todos os irmãos durante as sessões.
Por enquanto, foi o que podemos entender da Abóbada Celeste. Outros aspectos e significados existem, todavia, para o que nos propomos, entendemos ter proporcionado o início da discussão que espero não pare por aqui, posto que a importância do tema clama por um estudo mais aprofundado.
Aos irmãos M:. M:., peço desculpas pelas interpretações, porventura errôneas e espero deles a contribuição necessária para corrigi-las, enquanto que dos Irmãos Aprendizes e Companheiros, espero despertar a atenção para o estudo do tema, dada a beleza e a importância que ele encerra.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Edilson - Mestre Maçom, Venerável de Honra da ARLS ARMANDO DO AMARAL SÁ Nº 56, Cavaleiro de Kadoshi, Gr.: 30, Belém-Pa. 10 de março de 2004.
http://www.solbrilhando.com.br/Sociedade/Maconaria/Artigos/A_tradicao_paga_na_m.htm

http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/10/a-abobada-celeste-no-reaa_21.html

terça-feira, 28 de junho de 2016

NINGUÉM É MAÇOM, SOMOS RECONHECIDOS COMO TAL


César Luís Bueno Gonçalves
Revista Universo Maçônico de 15 de junho de 2010

Um dos grandes dilemas maçônicos é saber se podemos nos intitular maçons (Sou maçom!) ou se essa afirmativa não nos pertence e só pode ser feita por um outro maçom.
De fato, temos uma visão míope de nós mesmos. Tendemos a uma hipervalorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro… Explico melhor, fomos educados em um sistema de comparações em que um ponto geralmente é explicado ou visto em relação a outro. Tendemos ao comparativo e assim nos sentimos mais ricos quando vemos mais pobres, sentimo-nos mais bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.
Ocorre que por vezes nossa miopia egocêntrica é tão grande que nos assustamos com nós mesmos ao vermos nossa imagem refletida em um espelho. Tendemos a não acreditar no que vemos… não é possível que seja eu…
Mas por vezes forçamos a barra e influímos na imagem do espelho, ou pelo menos no que ela está nos revelando. O feio se torna belo e assim por diante.
Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.
Claro, sempre se pode invocar o formalismo. Sou maçom porque fui iniciado. Sou maçom porque pertenço à obediência tal… e etc. … Mas isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?
O que é ser maçom ??? É somente ter sido iniciado ??? Não implica mais nada ???
Desde meus tempos de aprendiz escuto um trocadilho muito usual em nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades em um não iniciado: “é um maçom sem avental”…
Por certo ser maçom implica muito mais que ter passado por uma iniciação.
Também reverbera em meu pensamento uma frase muito pronunciada em iniciações: “bem-vindo meu Irmão; esperamos agora que assim como você entrou para a Maçonaria que deixe que essa entre em você, em seu coração e atitudes…”
Minha angústia, que motiva essa reflexão sobre SER MAÇOM, é a inépcia de nossos métodos “maçônicos” em muitos de nós. Não raro vemos Irmãos colados no grau de mestre, mestres instalados e, até no grau 33º, com exposições diametralmente opostas à nossa filosofia, com atitudes antagônicas ao que se desprende de nossas alegorias e símbolos.
Bem sei que deveria estar preocupado acima de tudo com a minha pedra bruta, evitando de reparar nas imperfeições de outras pedras, mas isso está se tornando impossível para mim, pelo que peço humildes desculpas aos meus Irmãos, mas não dá para “tapar o sol com a peneira”, empresto aqui voz há muitos que têm se chocado com palavras e atitudes de outros Irmãos.
Abate-me extremamente estar ao lado de Irmãos que acham que o cume de seus progressos na Maçonaria são os graus colados… ser grau 33º em seu rito, ser mestre “instalado”, estar autoridade maçônica e assim por diante e, deixam a humildade, a fraternidade, o carinho e virtudes trancados no armário, o armário da arrogância e da empáfia.
Abate-me saber que Irmãos são indiciados civil ou criminalmente pelos mais variados delitos ou crimes.
Abate-me ter conhecimento de Irmãos que batem em suas esposas, filhos e familiares.
Abatem-me as disputas para saber quem é mais maçom, quem tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.
Não consigo entender também como alguns insistem em trazer o pior de suas práticas profissionais para o seio das Lojas. Estive em Lojas onde me senti como em um tribunal de justiça, onde se fazia de tudo menos aquela egrégora gostosa de estar entre Irmãos. Todas as palavras eram medidas com cuidado, os pronunciamentos eram cheios de erudição jurídica, menos maçônica. A sessão travava com os famigerados “pela ordem Venerável”.
E o que falar dos Irmãos entendidos em política. Raro é os ver apresentando um trabalho sobre alegoria ou simbolismo maçônico… a tônica é uma só: política.
Voltamos então ao fulcro desta reflexão: sou maçom ou sou reconhecido como tal ? O que significa ser reconhecido como maçom?
O que ou quem é o maçom? Há algo que o diferencia de outro ente?
Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçônica teremos uma visão superidealizada do SER MAÇOM. Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes extraordinários. Mas no convívio, no dia a dia, se desfaz essa visão do super-homem. Eu pelo menos nunca o encontrei entre nós, pelo menos não na forma idealizada. Muito menos em mim mesmo…
Está mais do que na hora de nos despirmos do modus profano. De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direção ao autêntico “ser maçom”. Está na hora de sermos maçons.
Reconheça que você não é o centro do universo!
Reconheça que outros podem vivenciar mais a maçonaria do que você!
Reconheça que graus de nada servem se seu coração e atitudes não passaram daquelas do grau 1 (pedra bruta)!
Reconheça que ser Mestre Instalado não lhe dá direitos acima de seus Irmãos!
Reconheça que tem pesquisado, estudado e refletido muito pouco em nossos símbolos, alegorias e ritualística!
Reconheça que tem faltado às sessões porque se acha melhor que aqueles que estão sempre lá, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.
Reconheça que se é verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem estar em Loja não se faz Maçonaria! É na Loja que exercitamos o submeter minhas vontades e fazer novos progressos na maçonaria. Não se iluda.
Reconheça que a Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o quintal de sua casa, terraço de seu apartamento, sala de seu trabalho, mas uma Ordem INICIÁTICA.
Reconheça, por fim, que você não é dono da Loja.
Deixe que as alegorias e símbolos tomem forma em seu interior e se manifestem em suas atitudes, não em meras palavras.
Deixe que o movimento da egrégora maçônica lhe tome a mente, o coração.
Deixe que a humildade aflore em suas palavras e ações. Não tema, pode baixar a guarda, você está entre Irmãos.

Por fim, receba seu prêmio, não é um avental mais bonito que o dos outros Irmãos ou um título de MI ou 33º mas, tão somente uma ação: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!

sexta-feira, 17 de junho de 2016

A MAÇONARIA NA ÓTICA DE UM COMPANHEIRO MAÇOM



“Somente o homem, dentre todas as criaturas, pode mudar sua própria vida.
A maior descoberta dessa geração é que o ser humano, mudando as atitudes internas e sua mente, pode mudar os aspectos externos de sua vida!”
William James (1842-1910)





Muito, e há muito tempo se fala em Maçonaria. No mundo profano, a história, dependendo do ponto de vista do historiador propõe grandes feitos e épicos acontecimentos creditados a Maçonaria. Já outros, não tão lisonjeiros com a Ordem, a ela creditam as maiores atrocidades e despautérios. Mas então, seria a necessidade de ter sido uma sociedade secreta em alguns momentos, ou estar formada por pessoas ligadas a outras instituições ou mesmo outras ordens que necessitavam manterem-se no anonimato? Difícil identificar tais razões ou mesmo motivos. Hoje com os contratos constitutivos registrados nos respectivos órgãos de controle, a condição de secreta não se adéqua, mas permanece o segredo que tanto atrai as pessoas.
Creio ser importante a referência do contido no Preâmbulo da Maçonaria e como o próprio ritual apregoa, “A ser lido e explicado em Loja, frequentemente” (2013 p. 85). “A Ordem Maçônica é uma associação de homens esclarecidos e virtuosos que se consideram Irmãos entre si e cujo fim é viver em perfeita igualdade, intimamente ligados por laços de recíproca estima, confiança e amizade, estimulando-se, uns aos outros, na prática da virtude.” Manual de Procedimentos Ritualísticos e Ritual de Instruções do Grau de Aprendiz Maçom do REAA (2013 p.85).
Não menos importante o proposto no Escopo do Grau de Companheiro-Maçom que exalta: “se a Liberdade é o ideal do Aprendiz, que aspira a Luz, a Igualdade é o do Companheiro, para que possa solidificar os sentimentos de Fraternidade.” Ritual e Instruções Grau de Companheiro Maçom. (2004-2007 p. 9)
Segundo Rizzardo da Camino (2013, p. 43) “Três são as imposições da jornada em direção ao Companheirismo: Trabalho, Ciência e Virtude”, dessa forma iniciamos a caminhada do segundo grau, o de Companheiro Maçom.
Ainda engatinhando na Ordem, mas com caráter forjado por uma boa educação de família, escolas de excelente nível de ensino e oportunidades que se mostraram e se mostram ao longo de uma existência baseada principalmente em cinco pequenos conceitos que, a meu juízo, fazem a diferença:
·         Respeito: sentimento que leva a tratar alguém ou alguma coisa com grande atenção, profunda deferência, consideração ou reverência.
·         Disciplina: é o laço moral que liga entre si os diversos graus da hierarquia, nasce da dedicação pelo dever e consiste na estrita e pontual observância das leis e regulamentos.
·         Liberdade: constitui um direito natural do ser humano, proveniente da liberdade absoluta, praticada em seu estado de natureza que, paulatinamente, evoluiu para o estado civil, regido pelo contrato social idealizado por Thomas Hobbes (1588-1679), contemplando a vontade da maioria.
·         Igualdade: é a relação direta com os direitos fundamentais do cidadão e com a dignidade da pessoa humana, tendo como escopo o sentido de justiça, em estreita cumplicidade com os cânones do humanismo.
·         Fraternidade: tem características multifacetárias, de caráter permanente, abrangendo diversos aspectos da vida em sociedade. Uma palavra, um gesto, uma ação, a gratidão, o reconhecimento e o compartilhamento de ideias, dentre outras virtudes, são atos de fraternidade.
Ainda no grau 1, em consulta a um Mestre sobre por que não “praticávamos efetivamente a fraternidade”, a sábia resposta foi que: “a maçonaria prepara homens, não é um clube de serviços mas, que esses homens formarão tais clubes”.
Particularmente, trago do mundo profano a curiosidade do pesquisador pois, por muitos anos foi origem do meu sustento. Logo, fui procurar ler mais, estudar mais, aprender o sentido e o significado dos símbolos, das alegorias, da ritualística pra daí retirar os mais profundos ensinamentos visto ser a Maçonaria, além de um sistema de moral um filosofia social e espiritual.
De maneira em geral, no mundo profano, estamos vivendo uma época em que princípios básicos de moral e ética são simplesmente desconhecidos, ou destorcidos, ou deturpados, tendo em vista o colapso social que proporciona um aumento geométrico na violência, causado pela falta de oportunidade, pela impunidade e pelo exemplo de lideranças deformadas pelo vício da corrupção.
Diariamente erramos com pequenas falhas, e muitas vezes, procurando tirar uma vantagem ou da situação, ou de alguém ou de alguma coisa. Faz parte a índole do brasileiro alguns dizem. Certo ou errado o que é constatado, é que valores como respeito, disciplina, liberdade, igualdade e fraternidade entre outros são simplesmente desconhecidos e não estimulados nas gerações contemporâneas. Deformando assim o caráter do indivíduo que em algum momento vai assumir uma liderança e com tal deformação a conduzirá.
Assim, uma certa citação de Alexandre, o Grande, se mostra pertinente:
Quando, à beira da morte, Alexandre convocou os seus generais e relatou seus 3 últimos desejos:
Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;
Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados (prata, ouro, pedras preciosas...);
Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.
Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a Alexandre quais as razões. Alexandre explicou:
Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte;
Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;
Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos. Alexandre, o Grande (356 a 323 a.e.c.)

Além de todo o desprendimento, Alexandre que segundo Plutarco, foi orientado na juventude por Aristóteles, desenvolvendo assim um particular e avançado raciocínio e uma preferência pelas ciências como a engenharia que está baseada na geometria. Na ótica de Da Camino, é uma das etapas a transpor pelo companheiro maçom “e cada uma simboliza uma parte da ciência, a saber: gramática, retórica, lógica, aritmética e geometria”. (2013, p.43)
Todas em geral e a geometria em particular, se nos mostra a arte de medir. É nesta etapa do desenvolvimento que o companheiro maçom inspirado na letra “G”, que representa a imagem da inteligência universal, desenvolve o conhecimento de medir todos os aspectos da natureza, pois esta é vital na principal construção que é o Templo Interior, símbolo da presença de LUZ em si mesmo, no seu corpo físico e mental, e consequentemente: espiritual.
Vários estudiosos se dedicaram ao estudo da Geometria e muitos acreditavam e procuraram comprovar a existência de um padrão ou proporção matemática, que na visão de Guimarães (2016) “implantada pelo Criador entre todas as coisas e fenômenos do Universo”. Assim como os gregos ao estabelecerem o Número de Ouro ou a Divina Proporção que é 1,618. Já no século XV, Da Vinci em sua obra Homem Vitruviano, descreve uma figura masculina nua, separada e simultaneamente em duas posições sobrepostas sendo a medida da cabeça até a linha dos pés dividida pela medida do umbigo até a linha dos pés é igual ao número 1,618 também conhecido pela letra grega “Φ” (fi). Em alguns casos o desenho e o texto são chamados de Cânones das Proporções.
Se mostra claro a estreita ligação entre a Geometria e a Aritmética pois surge na visão de Da Camino (2013, p. 124) “por intermédio das joias depositadas no altar: compasso e esquadro auxiliadas pela régua”, é ela a responsável pela construção de toda obra edificada. E é tamanha a importância dessa ciência-arte que no segundo grau o maçom denomina o G.∙.A.∙.D.∙.U.∙., como o Grande Geômetra, analisando com profundidade a letra “G”.
Por outro lado, conforme Baigent “as instituições são tão virtuosas, ou culpadas quanto forem os indivíduos que as compõem”. (2013, p.17)
Se é aqui, em nossa ágora, que encontraremos a possibilidade de um desenvolvimento individual, de tal forma a nos tornarmos pessoas mais identificadas com a Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Sendo a Maçonaria é uma sociedade de homens livres e de bons costumes. E, que lapidar a Pedra Bruta tem como significado o desenvolvimento individual, o aprimoramento do Templo Interior, o despertar da Iluminação. Se a base que sustenta o edifício é a Tolerância para que Irmãos indistintamente se reconhecem como tal, não estará faltando sairmos da teoria e efetivamente praticarmos o que aprendemos e apregoamos na sua forma mais simples, no cotidiano de cada um?
Hoje, me identifico muito com a alegoria da escada em caracol, na qual um jovem, “tendo passado a adolescência como Aprendiz e a virilidade como Companheiro, tenta, ousadamente, avançar e subir, apesar do caminho tortuoso e a subida difícil, na esperança de, pela diligência e pela perseverança, chegar a idade madura como um Mestre esclarecido.” (GORGS, 2004-2007 p.66)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAIGENT, Michael. O Templo e a Loja: o surgimento da maçonaria e a herança templária. 2ª Ed. São Paulo: Madras, 2013.
D’ELIA JUNIOR, Raymundo. Maçonaria 50 Instruções de Companheiro. São Paulo: Madras, 2015.
DA CAMINO, Rizzardo. Rito Escocês Antigo e Aceito. Grau 1º ao 33º. São Paulo: Madras, 2013.
GUIMARÃES, José Maurício - M.'.I.'. A.'.R.'.L.'.S.'. Inconfidência 47 – Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, Brasil.
Blog disponível em: www.zmauricio.blogspot.com Acesso em 12/04/2016 23h30min.
MANUAL DE PROCEDIMENTOS Ritualísticos e Ritual e Instruções do Grau de Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito. Porto Alegre: GORGS, 2013.

RITUAL E INSTRUÇÕES do Grau de Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito. Porto Alegre: GORGS, 2004-2007.

sábado, 21 de maio de 2016

A MAÇONARIA SOB A ÓTICA DE UM NEÓFITO


          Há exatos 41 anos, também ingressando em uma escola iniciática ao ouvir o toque do clarim convocando para uma reunião de oficiais, sempre sentia uma grande ansiedade e o pulsar do corpo como um todo. Pois, o comandante da unidade onde prestava serviço, tinha como hábito escolher dentre os tenentes em início de carreira um, para que, em nome do comando saudasse o aniversariante, o visitante, enfim, o homenageado em questão. Assim agia para proporcionar uma oportunidade ao aprendiz de se preparar para falar em público, para liderar sua tropa, como exemplo a ser seguido por seus comandados. Ali morria o adolescente irrequieto que, renascia como um soldado cumpridor do seu dever cívico, de amor e dedicação à Pátria e as instituições da Nação, que viveu por mais de dez anos na vida da caserna, procurando sempre o aperfeiçoamento pessoal e profissional para cumprir as diferentes missões que lhe foram designadas.
Hoje, mesmo após longo tempo em salas de aula, muito como aluno, algumas vezes como professor ou palestrante de alguma área do conhecimento, mesmo já tendo renascido pelo menos outras duas vezes, ainda sinto o mesmo frio na barriga. Mas, a ansiedade se faz substituída pela expectativa; o pulsar do corpo pela sintonia da energia aqui emanada.
Posso afirmar que já se passaram mais de 25 anos desde as primeiras sondagens até o momento de poder aceitar o convite e efetivamente participar da fraternidade.
Como todo ritual de iniciação e seguindo a Lei da natureza, pois todo ser, antes de ver a luz, tem que se formar, enclausurado em ambiente de recolhimento. Só depois de ver a luz é que se inicia a sua aprendizagem e aperfeiçoamento, mercê de um processo contínuo de aprimoramento e aperfeiçoamento em busca da Iluminação, do resplandecer do sol interior. Assim, uns passam pelo ovo, pelo casulo, outros pela semente, pelo ventre materno. Também para ser Maçom, ainda profano, antes de ser iniciado passei pela Câmara de Reflexões, o "útero" da Loja mãe.
Mergulhado na escuridão da ignorância, escrevendo um testamento e respondendo as perguntas propostas, me senti morrendo para mais uma vida, mas, crente na reencarnação com a lembrança consciente das vidas anteriores me pus a meditar sobre os desafios que estariam prestes a acontecer. Tomando como padrões, símbolos existentes naquele ambiente: o pão e a água; o enxofre, o sal e o mercúrio; a bandeirola "Vigilância e Perseverança"; os ossos, a caveira, a foice e a ampulheta; a sigla em latim: V.I.T.R.I.O.L., que significa Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta (ou Filosofal). O que filosoficamente ela quer dizer: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrarás o Teu Eu Oculto, ou, "a essência da tua alma humana". É o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a sociedade em geral.
Tal simbologia fundamenta-se toda no Hermetismo: trata-se da primeira fase da Grande Obra, a Putrefação, que não ocorre somente no interior do Ovo Filosófico, criação que não é apenas inerente ao homem, mas também e, principalmente, à natureza operante.
A Câmara de Reflexão, dessa forma, faz às vezes de útero, onde se dá a maravilha da criação, imediatamente antes da iniciação, que é o nascimento, o conhecimento da luz. A grandiosidade da criação maçônica, que ocorre nessa câmara fechada e quase totalmente escura, é análoga à iniciação dos essênios, identificando a união de Deus (LUZ) com a energia e a iluminação interna, como o princípio de toda a vida mística.
Durante o ritual e após prestar o primeiro juramento onde o adocicado passa a amargo e a expulsão é irremediável são iniciadas as viagens que culmina com o nascimento do neófito quando o Ven.·. M.·.  determina que a LUZ seja dada ao neófito. Momento em que, ainda com a visão um tanto embaralhada, nos deparamos com espadas apontadas em nossa direção.
Ao ser conduzi até o Ir.·. 1º Vig.·. onde é recebido o avental e apresentada a Pedra Bruta que é um dos vários elementos que decoram internamente uma loja maçônica. Que, simboliza as arestas da personalidade que o maçom deve aparar ou limar, para poder se aperfeiçoar. Estas arestas são os sentimentos como o ciúme, a perfídia, a vingança, os vícios, e outros mais, pecados da moral e dos bons costumes que como maçom jura combater. Aparando desta forma as suas arestas, o maçom está a tornar-se mais perfeito e mais polido, representado simbolicamente pela Pedra Cúbica.
Esculpir a si mesmo é o trabalho de tornar-se esclarecido. A metáfora da pedra se encaixa com a constituição do Templo, pois sem uma pedra trabalhada não é possível construí algo com ela.
Como todo o neófito e, no meu caso, altamente imperfeito, tenho procurado dedicar-me a algumas leituras, pesquisas e pequenos estudos, visando além de estar maçom, ser maçom o que em minha percepção inicial é o mais importante. Pois tudo o que é dedicadamente ensinado ao aprendiz por seus mestres tanto serve para suas atitudes em loja, como para as relações na sociedade em que participa e principalmente na evolução do ser interior, diuturnamente esculpindo e lapidando o templo de forma a ser distinguido por suas atitudes em loja ou fora dela.
Tendo recebido meu nome maçônico, passei a utiliza-lo com a felicidade de quem consegue galgar um degrauzinho da escada de Jacó, mesmo que mínimo, mas importante por ser um crescimento. Na oportunidade um dos IIr.∙. propôs que fosse apresentado uma explicação para o nome Immanuel.
Bem, o que posso dizer é que o nome Immanuel tem sua origem no hebraico arcaico cujo significado pode ser entendido como “Im” que significa: dentro; “man”, que significa: homem e “el” cujo significado mais próximo é “ser luminoso” ou “ser de LUZ”, assim entendido como aquele que tem em seu interior um “ser luminoso”. Outra interpretação não muito diferente também com origem no hebraico arcaico onde “imanú” significa: conosco e “el” significa: “Deus”. Citando Mateus 1:23 “Deus está nos corações dos homens puros”. No Antigo Testamento, nome pelo qual Isaías designa o Messias, proclamando: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará a luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”.
Pela numerologia, o nome Immanuel ou Emmanuel tem como número da sorte o número 3. É uma pessoa romântica e sedutora. São seres alegres, extrovertidas e sociáveis, transmitem muita confiança no amor e na vida em todos os aspectos.
Outro aspecto observado parte do médium brasileiro, Chico Xavier que atribuiu a Emmanuel a maior parte da autoria dos seus livros psicografados. Das suas obras, destacam-se os ensinamentos da doutrina espírita, os ensinamentos bíblicos na visão espírita. Emmanuel, que significa "Deus conosco", se manifestou a Chico Xavier na década de 20, porém as psicografias se iniciariam a partir de 1930. Segundo as palavras de Chico Xavier: "Emmanuel foi um verdadeiro pai, um mentor querido que com carinho tolerou todas as minhas falhas".
Em sua obra O Livro dos Espíritos que é o primeiro livro sobre a Doutrina Espírita, publicado pelo educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo Allan Kardec, trata a qualquer divindade como “Emmanuel”.
A escolha do nome Immanuel cujo significado pode ser entendido como “aquele que tem dentro de si um ser luminoso” conforme Gardiner e Osborn na obra Priorado Secreto (2009) serve como bússola a apontar à direção, como farol a mostrar o caminho, como mantra a fazer caminhar em direção ao aprimoramento em busca da iluminação interior, o que os mesmos autores chamam de kundalini.
Ao agradecer o impressionante acolhimento por parte de todos os IIr.·., firmo a determinação de não medir esforços em busca de meu aperfeiçoamento e assim, com a prática da virtude ser digno de estar entre vós.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

SER TERRA FÉRTIL

O mestre abriu as abas do lenço delicadamente, e o conteúdo não deixou de causar surpresa: eram sementes.
Nenhum saber – disse o mestre com calma e autoridade – pode ser passado de forma pronta ou finalizada. O conhecimento é sempre, e sempre, uma semente. E, da mesma forma que a semente, o conhecimento precisa do agricultor, que é aquele que planta, rega e aduba, mas precisa mais do que tudo, da terra em que é colocado. Sem chão o conhecimento não se desenvolve, não cresce, não vira árvore. E, ser chão, ser terra fértil, é trabalhoso, é pesado. O trabalho da terra é sempre o mais pesado, pois ao contrário do agricultor que tudo tira do ambiente, a terra tem que tirar de si mesma os nutrientes para que o saber vire conhecimento e este venha a ser, após longos e longos anos, sabedoria. Por favor, peguem cada um, uma das sementes. O papel delas é o de lembrá-los do que agora digo, mas também é de dar esperança. Pois toda a semente, por mais insignificante que seja, tem dentro dela uma planta adulta. Ela está lá, bem no fundo, latente e forte. O papel da semente é somar-se a terra e não de lutar contra ela.

Texto adaptado de Nikelen Witter (2012).

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

13 de outubro de 1307

Por volta de 1306, Filipe IV, da França – Filipe, o Belo -, estava ansioso para livrar seu território dos templários, arrogantes e impulsivos, eficientemente treinados, um contingente militar muito mais forte e mais organizado do que qualquer outro que o próprio rei poderia reunir. Eles estavam solidamente estabelecidos em toda a França, e naquela época até mesmo sua fidelidade ao papa era apenas formal. Filipe não exercia nenhum controle sobre a ordem. E lhe devia dinheiro. Tinha sido humilhado por ela, quando, fugindo de uma rebelião em Paris, fora obrigado a buscar refúgio na preceptoria do Templo. Ele desejava a riqueza imensa do Templo que, durante sua estadia no local, tornou-se flagrante. Havendo solicitado sua inclusão na ordem como postulante, o rei sofreu a indignidade de ser desdenhosamente rejeitado. Estes fatos - juntamente, é claro, com a perspectiva alarmante de um Estado templário independente em suas vizinhanças - foram suficientes para induzir Filipe a agir. Heresia era um pretexto conveniente.

Primeiro, Filipe precisava conseguir a cooperação do papa, a quem, pelo menos em teoria, os templários deviam fidelidade e obediência. Entre 1303 e 1305, o rei francês e seus ministros engendraram o rapto e a morte de um papa (Bonifácio VIII) e muito provavelmente a morte por envenenamento de outro (Benedito XI). Então, em 1305, Filipe conseguiu assegurar a eleição de seu próprio candidato, o arcebispo de Bordeaux, para o trono papal vago. O novo pontífice tomou o nome de Clemente V. Comprometido com a influência de Filipe, ele não podia recusar as solicitações deste. E essas solicitações incluíam a supressão dos templários.

Filipe planejou seus movimentos cuidadosamente. Uma lista de acusações foi compilada, em parte por espiões infiltrados na ordem, em parte por confissão voluntária de um suposto templário renegado. Armado dessas acusações, Filipe podia finalmente agir. Quando atacou, o fez de modo súbito, rápido e letal. Numa operação de segurança digna das SS ou da Gestapo, o rei enviou ordens secretas e seladas aos seus senescais em todo o país. Elas deveriam ser abertas em todos os lugares simultaneamente e implementadas imediatamente. Na madrugada de 13 de outubro de 1307, todos os templários na França deveriam ser capturados e presos pelos homens do rei, as preceptorias colocadas sob guarda real e seus bens confiscados. O objetivo de surpreender foi atingido, mas seu principal interesse – a imensa fortuna da ordem – lhe escapou. Ela jamais foi encontrada. O que aconteceu com o fabuloso tesouro dos templários permaneceu um mistério.


Hoje, (707 anos) sete séculos após a ação criminosa de Filipe, em conivência com a Igreja Católica Apostólica Romana, a Ordem do Templo mantem seus valores morais e éticos no mundo inteiro.